sexta-feira, 15 de novembro de 2013

"Vamos estar tentando resolver o seu problema, senhor!"

Talvez não existam expressões mais irritantes do que àquelas ditas por profissionais (?) que trabalham com atendimento telefônico, os conhecidos e temidos, call centers. O drama de quem precisa desse serviço começa antes mesmo de fazer a ligação. Descobrir o número certo para aquilo que você precisa resolver já é um tormento. Isto feito, a carga dramática só aumenta. Feita a ligação, uma voz eletronicamente modificada, repleta de pausas - e, às vezes, até tentando ser simpática para parecer menos artificial - assombra o cliente já insatisfeito. Primeiro, agradece pela ligação, informa o dispensável e, finalmente, depois de longos dois minutos começa uma lista enumerada de possíveis atendimentos que podem servir o pobre-daquele-que-paga-pelo-serviço e, geralmente, o utiliza precariamente. Depois das nove opções ofertadas, ele descobre que não é naquele cardápio que lhe é ofertada a alternativa que poderia ser salvadora. "Aperte quadrado (#) para mais opções... E lá se vão outras tantas. Finalmente, o já impaciente sofredor, pede, pelo-amor-que-vocês-têm-a-Deus a chance de conversar com alguém de verdade, que o possa entender. Ráááá! Conheçam a nova praga do mundo moderno. Com vocês, o atendente. 

Não o culpo (totalmente). Geralmente, eles ganham mal, trabalham pra caramba, tentam resolver problemas para os quais não são preparados e lidam com gente... Mas, optaram por estar ali. Portanto, têm culpa sim. O início da conversa é sempre bem humorada, respeitosa e, aparentemente, eficaz. Engana-se quem acredita que o seu problema irá se resolver ali. Você relata, explica, detalha, explica de novo, solicita, anota protocolo, data, nome do atendente... E passa informações pessoais, CPF - aquele mesmo que você digitou lá no início do atendimento eletrônico -, número do telefone, nome da mãe, nome do pai, data de nascimento, cor dos olhos, data e hora do primeiro beijo, número do certificado de reservista... Enfim. Uma data é marcada para que "seu problema seja resolvido, senhor!". Cinco (infindáveis) dias úteis - na melhor das hipóteses. É melhor esperar, já que você precisa do serviço - mesmo que pague caro por ele. 


Chega o quarto dia de espera e você pensa: amanhã, meu problema vai ser resolvido e não vou precisar ligar novamente e gastar o meu tempo. "Porque tempo é dinheiro e eu já pago por isso, não é mesmo!?" Se é apenas por um dia, chegar atrasado no escritório pode não ser um problema. O cliente acorda cedo - conforme combinara com o atendente, porque a visita técnica é para a parte da manhã -, prepara um café, sai pra passear (ali por perto mesmo) com seu cão, volta pra casa e espera..., espera..., espera... e, nada. Cansado e irritado resolve ligar para o atendimento, ouve todo aquela lista numérica de funções, digita códigos, datas, para, enfim, depois de dois ou três minutos ouvir o número de protocolo da ligação e, subsequentemente, uma propagandinha chata e insistente prometendo-lhe os melhores serviços do mundo - inclusive aquele que ele tem tido tanto problema ultimamente. Sete minutos depois, enfim, o atendente. Mais uma vez, ele se apresenta jovial, eficaz e concordatista com todo o drama do cliente. "Vamos estar tentando resolver o seu problema, senhor!". O nível de irritação do cliente já permeia a linha tênue que o separa da ironia. E o cliente aguarda, espera, ouve músicas, vê TV, aguarda, inicia a feitura do almoço, espera, aguarda e nos interins ainda ouve o quebrar daquele silêncio, uma voz dizendo assim: "Só mais um minuto, senhor. Desculpe pela demora, senhor." Finalmente, o atendente volta e diz que tiveram um problema técnico no sistema e que terão que reagendar a visita para resolver apenas uma parte do que fora pedido e, posteriormente, o já desanimado cliente terá que marcar outra visita para que tudo volte a ser como era antes. Ou seja, uma bela porcaria que você ainda insiste em pagar. 

Quer um conselho de quem passou os últimos 24 dias tentando transferir os serviços de telefone fixo e internet, além de comprar um pacote de TV por assinatura? Desista! Volte a se acostumar com aquele tempo em que você não se submetia às novas tecnologias. Ah, não consegue!? Nem eu! Mas, aviso: se optar por uma outra operadora irá, incondicionalmente, ouvir muitas vezes a expressão "vamos estar tentando resolver o seu problema, senhor." 

Obrigado GVT, pela inspiração. 

sábado, 11 de maio de 2013

Embora não pareça, eu tenho uma mãe

E não é uma mãe qualquer! Não é a melhor mãe. Mas, com certeza, é a mais especial de todas. Falo isso sem titubear. Aquela senhorinha, hoje, prestes a completar seus 70 anos, fez de mim um homem. E, para chegar até aqui, ela passou por poucas e boas. Em resumo, foi mais ou menos assim. Ela nasceu no interior de Minas, lá pelos anos de 1940. Casou-se ainda nova. Aos 21 anos teve o primeiro filho e só pode segurá-lo por algumas horas. Mas, um ano depois, veio a "filha mais velha". Mais dois anos e lá veio outro. Um ano após, mais uma. Menos de um ano, em sequência, mais um. E, por fim, cinco anos depois, eu. Para dar conta dessa prole toda, ela ralou muito. Costureira de mão cheia, ficava horas numa máquina para nos dar o de comer e educação. Por mais que parecesse que não sobraria tempo, éramos sim muito bem educados. Passou por um divórcio sofrido, ouviu críticas de uma vizinhança severa em tempos muitos difíceis... Mas, não se entregou. Há cerca de 18 anos, ganhou a primeira neta. Coincidentemente e por circunstâncias diferentes, nunca conseguiu tê-la no colo. Três anos depois, a segunda neta... depois o terceiro e, por fim, o quarto. Acho que meus irmãos pararam por aí. Ela, essa mulher maiúscula e simples, formou 4 dos 5 filhos: uma enfermeira, uma professora, um administrador de empresas e um jornalista. Cercou a vida dela com fé em Deus. E nos ensinou isso. Me lembro de uma frase dela: "você sabe a diferença entre o certo e o errado, então, escolha!". Para cada filho, ela tem um amor sublime, um respeito incondicional, uma palavra certeira, um carinho especial, um olhar de segurança. Pra mim, ela é a mulher que não é uma mãe qualquer e que também não é a melhor... Mas, a mais especial. E isso a faz mais sublime - que é muito melhor do que ser a melhor. Ela é a mulher que me deu a vida, me deu caráter, me deu sensibilidade e que, acima de todas as coisas, me entendeu aos 26 anos de idade. 

Hoje eu estou aqui, distante dela, mas bem pertinho do coração dessa mulher que eu tenho a maior honra de chamar de minha mãe. 

Esse post é pra você, D. Lenir.

Te amo por toda a minha vida. Obrigado por tudo!!!

domingo, 14 de abril de 2013

"Um táxi pra estação lunar..."

Às vezes, eu penso que o meu blog deveria ser só dedicado aos animais. Não porque está na moda isso. Mas, sim, pela importância desses pequenos seres na minha vida. Vou-lhes contar uma breve história que teve um fim na última sexta-feira. Um ciclo que começou há cerca de 20 ou 25 anos atrás. Primeiro com o Pedrico, um vira-latas (SRD, sem raça definida) que costumávamos dizer que ele era pequinês. Mas, não era não. Ele era tudo: sistemático, enjoado, metido, só gostava da minha mãe (embora fosse da minha irmã). Onde ela estava, lá estava ele. Uma vez, sumiu por 40 dias na quaresma. Voltou imundo, magrelo, todo cheio de carrapatos e pulgas, mas com uma felicidade imensa ao nos reencontrar. O tempo passou e ganhamos o Ícaro - como o próprio nome sugere, um bobão. Pastor alemão de porte muito grande, vistoso, um pelo de dar inveja em qualquer pedigree.Pouco depois, ganhamos a Catuí (que, do Tupi Guarani, significa "bola preta". Esta sim, uma dama. Darshound ou Tekkel. Delicada, dedicada, preguiçosa e fina. Nesse meio tempo, o Pedrico se foi, aos 14 anos. Tudo parecia mais monocromático com a sua partida. Ficou então para Catuí e Ìcaro a tarefa de preencher esse vazio. E não foi fácil. Tão difícil que precisavam de ajuda. Veio pra nós a Jade - não tem qualquer relação com a Jade da novela, que fique bem claro! Pra contrariar a todos, era o amor da minha mãe e vice-versa. Uma pinscher implicante e amorosa que nos divertia. É, mas parece que o Ícaro percebeu que ali ele não se fazia mais importante - mentira! - e se foi. Uma série de doenças levou o "negão". A tristeza era tamanha que nada poderia ocupar o lugar dele. Nunca mais tivemos um cão de porte grande. Ele foi e vai ser sempre o único. Lá se vão alguns anos e a Catuí dá a luz à Lua. Rara, amorosa, doce, esperta e dengosa... Os pelos longos chamavam a atenção. Pronto! A tríade estava formada: Catuí, Jade e Lua. Tive que deixá-las pra trás para cuidar da minha vida, afinal ser adulto tem suas restrições. E foi neste período que começou em Varginha, no sul de Minas, que perdi a Catuí (11 anos) e a Jade (12 anos). Ficara então, apenas a Lua. Uma guerreira. Lembro da minha mãe falando-me ao telefone sobre a falta que as outras duas faziam para a Lua. "Era perceptível", dizia ela. Ainda distante, ganhei a Luna, uma beagle, que vocês já viram por aqui no blog. Já são 8 anos (completados no mês que vem) e quando já não imaginava mais ser possível, na última sexta-feira, a notícia de que a Lua, a derradeira da tríade, se fora. 16 anos depois lá estão elas juntas de novo no jardim da minha casa em Governador Valadares. E ainda as fazem companhia, o Pedrico e o Ícaro. Pra minha mãe, restou a saudade e, como ela mesmo me disse ao me dar a notícia, "um vazio aqui em casa". 

Baseado nisso, pessoal, acredito que essas criaturinhas não vêm ao mundo apenas para nos fazer companhia, para dar amor incondicional, para alegrar a casa, para gastarmos uma grana alta com tratamentos, vacinas e mimos... Elas surgem pra gente para que nos tornemos melhores, para que saibamos desde cedo lidar com alegrias e, finalmente, com as perdas. 

Esta é uma homenagem minha às minhas crias.

Lua

sábado, 2 de fevereiro de 2013

"Entre aspas"

Felicidade é algo que, definitivamente, você não compra - mentira - (uma viagem em volta do mundo me faria feliz e não tenho dinheiro pra isso)  -, mas a sensação de liberdade - essa sim - ninguém te vende e NÃO TEM PREÇO. Estou feliz por estar livre e feliz. Algo que me parecia um câncer foi extirpado. E como não ficar feliz com isso?! Saber que você não está mais ligado à coisas ruins, de malgrado, que te deixam pra baixo, que se sobrepõem a outras mais importantes - sem que tenham a devida importância -, que te fazem ser um profissional mediano, que te fazem encher uma única frase de "ques" que nem deveriam estar aqui... Liberdade é algo que você não consegue narrar. É uma sensação tão, mas tão plena.... E o mais  importante disso tudo é que, com ela, vem uma felicidade absurda. 

Aos meus amigos - de verdade - , o meu amor sincero. Aos que me desprezaram, me hostilizaram, me subestimaram, minhas gargalhadas... Sou muito mais do que vocês pensam. Sem modéstia, porque - DEFINITIVAMENTE - essa é uma palavra que não compõe o meu dicionário.

Dignidade, caráter, profissionalismo, responsabilidade, justiça... essas sim vêm em primeiro plano. "Aos que não estão satisfeitos, peçam pra sair". Frase pra vida. 

Até o sucesso, porque é nele que EU vou estar....

domingo, 20 de janeiro de 2013

Sem explicação: um meio irmão e um quase perdão

Difícil entender as voltas que a vida nos dá. De repente, você se vê em uma situação antes inimaginável em que sua única resposta tem que ser positiva. Mas, não por imposição. Talvez, pela delicadeza do caráter que te fora entalhado durante os anos. Pah! Lá está aquele menino que negara qualquer tipo de relação, por causa de problemas familiares, que se sentira - apesar de todo amor reservado - o menos querido, o esquecido, o renegado, o diferente, tendo que suprimir tudo isso em um "sim". Agora, aquele menino de óculos "fundos de garrafa", gordinho, meio metido a inteligente, arrogante e pirracento cuida - ou observa - a negativa de uma vida inteira. 

É intrigante como a vida faz com que aprendamos a lidar com sentimentos. A máxima de que "o tempo é remédio pra tudo" é verdadeira. Sem clichês. Talvez, "a esperança seja - mesmo - a última que morre"... "Perdoar não é esquecer"... Contudo, "quem sai aos teus, não degenera".

A vida tá aí pra esfregar na sua cara que você é. Seja lá o que for...