segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Bem menor que qualquer minoria




Tive uma bela noite de sono. E, pois bem, acordei inspirado pela verborragia desenfreada de um tal candidato à presidência da República, ontem, em um debate na televisão. Acordei com a certeza - ainda mais que absoluta - de que homens como ele, com pensamentos tão retrógrados, não merecem, sequer, terem o nome citado em quaisquer publicações. Palco é o que eles querem. E, no que depender de mim, não vão ter. É certo que, tamanha a minha indignação ao ouvir os absurdos deste sujeito, cheguei sim a citar o nome dessa criatura. Mas, hoje, não! Depois da indignação, vem a sensatez. E é com ela na ponta dos meus dedos que escrevo aqui.

Para quem não viu, o tal candidato desembolou um pensamento de ódio contra as minorias brasileiras, especialmente os homossexuais. Frases como "aparelho excretor não reproduz" foi uma das "pérolas" desferidas pelo homem. Coisas como "prefiro perder votos a não ter minha opinião" e "vamos ser contra essas minorias" foram me chocando de tal forma que me pareceram inacreditáveis. E surgiram-me algumas dúvidas e consequentes respostas: será que alguém ainda pensa como ele. Sim. Como pode alguém no século XXI vincular religião à orientação sexual. Ignorância e radicalismo. Porque será que a união de duas pessoas do mesmo sexo incomoda tanto? Incompreensão e falta de amor. Como pode um homem público incitar o ódio e, ao mesmo tempo empunhar a palavra de Deus? Para esta última, eu, sinceramente, não tenho respostas. Seja você cirstão ou não, teísta ou ateísta, devemos concordar nisso. 

E, como se não bastassem as tamanhas e inacreditáveis opiniões, o referido ainda faz uma relação infeliz entre homossexualidade e pedofilia. É de se estranhar, porque não há nenhuma comprovação disso. E tal expressão só indica despreparo e/ou desespero. O pior nisso tudo, meus caros - e talvez vocês não concordem - é que ele estava sendo sincero. Ele pensa assim mesmo. Eu até respeito. Mas, não admito vir a público disseminar tal pensamento. Não sou obrigado a ouvir e concordar com esses absurdos. Incitar o ódio contra as minorias, especialmente os homossexuais, é também ir contra os direitos dos negros, das mulheres, dos idosos, dos jovens, dos trabalhadores, dos moradores de rua, dos analfabetos, dos pobres, enfim. Estamos todos no mesmo barco. O Brasil é formado por um emaranhado de minorias. Seja você casado ou solteiro ou divorciado ou católico ou ubandista ou branco ou ruivo ou pobre ou miserável ou héteto ou bissexual ou feio ou bonito... Estamos no mesmo barco.

Nem sempre fui um defensor ferrenho do casamento civil das pessoas do mesmo sexo e de temas relacionados à homossexualidade. Parece contraditório, mas não é. Também tenho opiniões e, ao meu ver, bem mais sensatas do que a desse homem. Mas, ontem, senti na pele algo que nunca senti em toda a minha vida: a discriminação e o ódio. Daí, uma luz de alerta se acendeu aqui dentro e pensei: agora entendo muito bem como faz falta a criminalização da homofobia, transfobia e lesbofobia. Não quero viver com medo dos reacionários e fundamentalistas. Quero conviver em paz com quealquer tipo de pensamento. Quero respeito mútuo!

Daqui uns dias, vamos todos às urnas pra escolher as pessoas que nos representam e, gostando ou não, àquele que você escolher pode ser quem vai estar pensando como você. 

Ainda sobre o referido candidato, a quem eu tenho apenas um desprezo, segue uma frasezinha: 

"...É a verdade o que assombra, 
o descaso que condena,
a estupidez o que destrói 
eu vejo tudo que se foi
e o que não existe mais..."

Renato Russo

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