domingo, 12 de julho de 2015

De véspera

Quase um ano e, de véspera, um tempão. Perto de completar uma sequência de doze meses em São Paulo, reativo as coisas por aqui. Quanta coisa aconteceu! Lidar com saudade não é legal. É um aprendizado diário. O ser humano é engraçado. Quando tem tudo o que quer, o que precisa, ele desdenha. No momento em que isso lhe falta, ele degenera. Um bicho estranho esse lance de viver uma vida paralela à sua. Nem tudo o que te parece ser real, é. A maior parte do que é inatingível, você alcança. Um desenrolar de antagonismos essa tal de ausência. Mas, o ser humano é estranho também. Hora ele está feliz, livre, certo... Noutra, tudo lhe parece triste, aprisionado, incerto. 

Antes dos trezentos e sessenta e cinco dias completos, a compreensão começa a surgir. Vagarosamente... Tão quieta quanto um sorrateiro monstro que se escondia detrás do armário. Mas, ali mesmo, entre a parede e o móvel, há uma frestinha de luz. E ela ganha espaço. Uma centelha que insiste em não perder para a escuridão. Um conta gotas de esperança com gosto doce alcalinizado.

Prestes a celebrar o dezessete de julho, a visão do vinte e um fica mais nítida. Tão limpo quanto um cristal intocável guardado à sete chaves. Números que fazem a vida ser mais tranquila. Percalços sempre hão de surgir. Mas, aí você junta o ser humano à ausência, acrescenta o monstro sorrateiro, a luz, os números e no que dá, meu caro?

Escrevi ouvindo:

My Immortal - Evanescense
November Rain - Guns 'n' Roses
Olhos Certos - Detonautas
Déjà Vu - Pitty

sábado, 17 de janeiro de 2015

Fazendo contas

Eu não deveria ter estudado ciências humanas. Mentira! Mas, como eu gosto de números e datas! Hoje vou falar de mais uma: 17/7/2014. Já me reduzi a essa uma outra vez aqui no blog. De lá até onde estou foram 6 meses ou 184 dias ou 4.406 horas ou 264.363 minutos ou 15.861.781 segundos (e contando...).

Sei lá, parece a metade. Ou não. Mas,viver esse montão de números por aqui está me fazendo diferente. Vivi algumas coisas que me deixaram, ora mais forte, ora mais fraco, ora mais inteligente, ora menos comum. Tem coisa boa nisso tudo. Já citei aqui algumas que não hesito em repetir. De agregado passei "ao da turma", do cara que quer ser politicamente correto ao esquerdismo-quase-radical - quase, porque eu não quero radicalizar em nada -, do irresponsável ao sensato (em alguns momentos), do moço que não se misturava ao homogêneo. Estou mais sociável... (eu acho!)

Não quero parecer depressivo, embora eu quase nunca consiga me desviar disso, mas estou tentando me adaptar. Vou parar por aqui. Nem vou mencionar o que de mim ficou pra trás. Hoje não é pra vocês, mesmo que sempre estejam sempre em mim. Voltarei aos números.

Nesse período de 184 dias ganhei "um pacotinho amarelo" que, mesmo antes de nascer, já tinha o meu amor. Pra quem me conhece, pode parecer estranho isso, já que minha relação com crianças nunca foi (e acho que nunca será tão próxima). Só sei que vivi uma emoção - mesmo distante - que não havia sentido ainda. Será que estou ficando velho? Lembrando aqui umas outras coisas, acho que estou mesmo. Meus sobrinhos - sim, eu tenho 4 - me pareceram mais próximos da última vez que estive com eles. Isso, definitivamente, deve ser sinal de que a idade avançou. Afinal, são... quase 40. (Suspirei fundo aqui agora por ter que admitir isso). Mas, não pesa não! É só um número, né, gente!?

2015 e, quem diria, eu estou nele. Um pouco tarde pra falar de expectativas, mas estou nele e essas são melhores. 2 mil vezes melhores!


Escrevi ouvindo:

- Lea Michele - Cannonball 
- Adele - Someone Like You 
- Kelly Clarkson - Because Of You 
- Maroon 5 - Sugar 
- Madonna - Living For Love 







quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Liberté, Egalité, Fraternité

Ainda que tardia, essa tão famigerada liberdade (ou a falta dela) incomoda. Principalmente, àqueles que não compreendem o real sentido da expressão. E não importa o quento é cantada, falada, explorada. A liberdade é difícil, especialmente em tempos tão miseráveis como o que estamos vivendo. O episódio na revista parisiense Charlie Hebdo me faz pensar no tanto que eu repudio radicalismos. Sejam eles para o bem ou para o mal. O fanatismo religioso que, embora por aqui ainda seja em proporções bem menores, é a principal causa de tamanha barbárie. Penso: como pode uma crença alcançar o extremismo, a loucura? Por que algo que deveria (e deve) pregar o bem, matar? O extermínio deveria ser da ignorância, do xiitismo, da intolerância. 

Doze pessoas mortas. E nem é porque são jornalistas não. São pessoas. gente de carne e osso que perderam a vida em detrimento da loucura alheia. Tá, eu não posso ser leviano ao ponto de apontar culpados a esmo. Sei que os jhiradistas também tem lá seus motivos. Mas, usar a religião como desculpa, não dá. 

Sou jornalista, vocês sabem. E eu nunca me imaginaria estar em uma reunião de pauta esperando a morte chegar. O alvo dos radicais foi uma revista de extrema esquerda que replicava charges satirizando o islã. Não é o nosso caso. Mas, poderia ser. Por lá, as questões xenófobas tangem melindrosamente todo o processo de intolerância. Sejam dos franceses com os árabes-muçulmanos-afins e vice-versa.

O que importa é saber onde e quando isso vai parar. E vai?

Por aqui, a esperança é que aprendamos a não conviver solenemente com essa intolerância. Sim, eu falo de grupos Y versus patotas X. Entendam como quiserem. Um pouquinho de paz e de amor não faz mal pra ninguém.

"Matar em nome de Deus é ideia do homem, não de Deus." Madonna



quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

O que de mim ficou pra trás

Janeiro e a ressaca de mais um encontro que não vai acontecer mais. E o que esperar de fevereiros aquarianos? A despedida de um trabalho de oito meses que só me deu orgulho. Gosto do que é bom. Em março, o tom carnavalesco toma conta da rua, com amigos distribuídos. Em casa, uma modelo especial para cada dia de folia. Abril e a insegurança da incerteza, assim como maio. Mas, era o mês da minha mãe e lá fui eu pras terras valadarenses (só voltaria por lá muitos meses depois). A luz no fim do túnel começa a surgir com o desprendimento das coisas materiais. Tchau, Tobias. E lá no horizonte nascia uma certa metrópole paulistana. Ansiedade e mãos dadas (mais uma vez). Na despedida, julho. Doeu. Muito, mas tanto que só de escrever aqui e imaginar como foi, dói de novo. E ainda dói. Muito. 17 é um numeral que me persegue. Marca o início de fases da minha vida. Com ele, volto à abril para marcar 7. E não é conta de mentiroso. 7 anos de companheirismo. (Eu nunca esqueço de você!). E foi também em 17 que vim para São Paulo. Uma cidade nova para um cara nem tão novo assim. E tinha que ser assim! O sonho que eu tinha aos 30, se fez real agora. Cá estou, sem saber, ao certo, pra onde seguir, mas estou. O que de mim ficou pra trás, me prende muito. Dói. E dói muito ainda... Mas tem quibes crus e esfirras recheadas de amigos agregados para temperar minha estadia. Chegada que começou com o auxílio luxuoso de pessoas que eu guardo aqui dentro. O aniversário até veio, mas passou. Quase insignificante. Ainda me adaptava à nova real, mano. De flores, setembro só me deu o fato de rever o que ficara pra trás. Mas, nem consegui tudo. Afinal, não se pode ter tudo. Não, não é uma reclamação, embora pareça. "Eu sempre quero mais que ontem". Outubro e a casa nova. Mas, ela não é minha ainda. Faz parte, mas não é parte. Falta algo que ficou pra trás... Ah, e teve um susto. Você já esteve internado numa UTI? Eu já! E não foi legal... Novos colegas surgem por aqui para dar uma aliviada nesse drama que é a minha vida. Vi vitórias e comemorei. November rain e eu estou de volta à GV. Mãe, colo, família... E qual a minha surpresa em rever pessoas que optaram (ou não) por se perder de mim. Ainda bem que alguém de longa data está por perto sempre. E pra ficar mais legal, trouxe consigo um coração bom lá do norte. De novo, dezembro. O fim. O início de um começo que tem, no final, quibes, longa data, norte e o que de mim ficou pra trás.

sábado, 22 de novembro de 2014

Inexato

"No fundo, bem lá no fundo,
Imundo seja o inoportuno
Indigno e, contudo,
Supremo. 
E se não fora extremo, 
O que ficara a termo,
Se converte em erro."

R.V.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Um Brasil pra chamar de meu

Não, eu não estou maluco! Não, eu não faço parte da "esquerda caviar" e, sequer tenho pretensões de ser um "coxinha". Sou um jornalista, mineiro, quase nos meus quarenta anos (difícil admitir isso aqui), leonino e convicto que eu quero um Brasil para chamar de meu. Sempre gostei de política, mesmo naqueles tempos em que a gente não acreditava em quem a fazia. Talvez, hoje ainda temos motivos para não acreditar, mas eu ainda acredito.

Sabe, passei a minha infância ouvindo que o "Brasil é o país do futuro". Sejam nos jargões dos telejornais e/ou novelas e em músicas, como 1965 (Duas Tribos) em que o Renato Russo esbravejava a estrofe: 


"(...) O Brasil é o país do futuro

O Brasil é o país do futuro
O Brasil é o país do futuro
O Brasil é o país
Em toda e qualquer situação
Eu quero tudo pra cima
Pra cima (...)"

A música é datada do início da década de noventa. Auge da minha adolescência. E foi também nesse período  que algumas lembranças insistem em permanecer na minha cabeça. Como os estranhos estoques de produtos que minha mãe fazia em casa. Eram fardos de papel higiênico, pacotes de sabonetes, caixas de sabão em pó, fardos de açúcar, arroz... Minha casa parecia um atacado. Mas, eu mal sabia que aquilo ali, que ocupara tanto espaço, era, na verdade, a única forma de termos esses produtos em casa. A inflação fazia com que o pouco dinheiro que tínhamos se desvalorizasse.


Não muito diferente era a escola onde eu fazia o ensino médio (na época, o científico). Era estadual. Cansei de contabilizar as vezes que as professoras sequer tinham giz para escrever no quadro negro, das vezes que tínhamos que fazer gincanas para arrecadar dinheiro para comprar equipamentos que nos seriam úteis, das vezes que tínhamos que nos organizar em sala de aula para desviar de goteiras, das vezes que fazíamos educação física fora da escola porque na quadra poliesportiva não havia condições. E de lá para a faculdade (privada e cara) foram cinco anos de espera.


Mas, o que eu mais me lembro era a quantidade de pessoas nas ruas. Pedintes, mendigos, vendedores ambulantes e fracassados. Era um cenário quase diário. Me lembro de pessoas que vinham à porta da minha casa pedir nem que fosse um pedaço de pão velho, um trapo, um prato de comida. E nem sempre tínhamos o que oferecer. Era triste. 


Hoje não! Há tempos um pedinte não bate à minha porta. E quando aparece, eu tenho algo pra eles. Seja uma camisa, uma roupa de cama, um short, um pacote de leite... Enfim. 

Não posso dizer que éramos pobres, mas afirmo que não tínhamos nada além daquilo que podíamos ter. Hoje não! Hoje eu bato no peito e digo: sou classe média. Tenho acesso a produtos úteis e inúteis. Assim como você que deve estar lendo no seu desktop, ou no seu smartphone, ou no seu tablet.

O Brasil que eu quero chamar de meu vai muito além das coisas que "EU" posso ter. O Brasil que eu quero chamar de meu é seu, é do seu vizinho, tem que ser daquela dona de casa que luta para educar os filhos, daquele marceneiro que não vê o dia terminar para tomar uma cerveja no bar da esquina, do empresário bem sucedido, do enfermeiro que dedica o trabalho dele para cuidar dos outros, do gari que recolhe seu lixo todos os dias, do professor que tem, muitas vezes, tem que ocupar o lugar do pai e da mãe para educar, do aposentado que já trabalhou a vida inteira e, agora, busca um pouco de dignidade e de tantos outros que fazem o nosso país ser uma nação.


 O Brasil que eu quero chamar de meu vai além do ar condicionado de sua casa, do seu carro, do shopping que você frequenta, da roupa de marca que você escolhe para qualquer evento, do pró-seco que você brinda com os amigos. O Brasil que eu quero chamar de meu é o país do futuro.



segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Bem menor que qualquer minoria




Tive uma bela noite de sono. E, pois bem, acordei inspirado pela verborragia desenfreada de um tal candidato à presidência da República, ontem, em um debate na televisão. Acordei com a certeza - ainda mais que absoluta - de que homens como ele, com pensamentos tão retrógrados, não merecem, sequer, terem o nome citado em quaisquer publicações. Palco é o que eles querem. E, no que depender de mim, não vão ter. É certo que, tamanha a minha indignação ao ouvir os absurdos deste sujeito, cheguei sim a citar o nome dessa criatura. Mas, hoje, não! Depois da indignação, vem a sensatez. E é com ela na ponta dos meus dedos que escrevo aqui.

Para quem não viu, o tal candidato desembolou um pensamento de ódio contra as minorias brasileiras, especialmente os homossexuais. Frases como "aparelho excretor não reproduz" foi uma das "pérolas" desferidas pelo homem. Coisas como "prefiro perder votos a não ter minha opinião" e "vamos ser contra essas minorias" foram me chocando de tal forma que me pareceram inacreditáveis. E surgiram-me algumas dúvidas e consequentes respostas: será que alguém ainda pensa como ele. Sim. Como pode alguém no século XXI vincular religião à orientação sexual. Ignorância e radicalismo. Porque será que a união de duas pessoas do mesmo sexo incomoda tanto? Incompreensão e falta de amor. Como pode um homem público incitar o ódio e, ao mesmo tempo empunhar a palavra de Deus? Para esta última, eu, sinceramente, não tenho respostas. Seja você cirstão ou não, teísta ou ateísta, devemos concordar nisso. 

E, como se não bastassem as tamanhas e inacreditáveis opiniões, o referido ainda faz uma relação infeliz entre homossexualidade e pedofilia. É de se estranhar, porque não há nenhuma comprovação disso. E tal expressão só indica despreparo e/ou desespero. O pior nisso tudo, meus caros - e talvez vocês não concordem - é que ele estava sendo sincero. Ele pensa assim mesmo. Eu até respeito. Mas, não admito vir a público disseminar tal pensamento. Não sou obrigado a ouvir e concordar com esses absurdos. Incitar o ódio contra as minorias, especialmente os homossexuais, é também ir contra os direitos dos negros, das mulheres, dos idosos, dos jovens, dos trabalhadores, dos moradores de rua, dos analfabetos, dos pobres, enfim. Estamos todos no mesmo barco. O Brasil é formado por um emaranhado de minorias. Seja você casado ou solteiro ou divorciado ou católico ou ubandista ou branco ou ruivo ou pobre ou miserável ou héteto ou bissexual ou feio ou bonito... Estamos no mesmo barco.

Nem sempre fui um defensor ferrenho do casamento civil das pessoas do mesmo sexo e de temas relacionados à homossexualidade. Parece contraditório, mas não é. Também tenho opiniões e, ao meu ver, bem mais sensatas do que a desse homem. Mas, ontem, senti na pele algo que nunca senti em toda a minha vida: a discriminação e o ódio. Daí, uma luz de alerta se acendeu aqui dentro e pensei: agora entendo muito bem como faz falta a criminalização da homofobia, transfobia e lesbofobia. Não quero viver com medo dos reacionários e fundamentalistas. Quero conviver em paz com quealquer tipo de pensamento. Quero respeito mútuo!

Daqui uns dias, vamos todos às urnas pra escolher as pessoas que nos representam e, gostando ou não, àquele que você escolher pode ser quem vai estar pensando como você. 

Ainda sobre o referido candidato, a quem eu tenho apenas um desprezo, segue uma frasezinha: 

"...É a verdade o que assombra, 
o descaso que condena,
a estupidez o que destrói 
eu vejo tudo que se foi
e o que não existe mais..."

Renato Russo

sábado, 20 de setembro de 2014

Um leão entre o concreto: impressões de um "mineirim" em SP

Claro que não poderia ser diferente. Cá estou em São Paulo há pouco mais de dois meses. E já deu pra ter uma noção rápida do que é essa cidade. Se eu fosse listar (e vou), começaria falando sobre como é bom estar aqui. É algo que eu sempre quis. Talvez, esse não seria o momento que eu mais queria estar por estas bandas, mas... 

O segundo item de uma lista sobre as impressões - como não poderia ser diferente - é a comida. Como se come (muito) neste lugar, gente! Nas lanchonetes, você pede um "sanduichim" e já surge a atendente com algo que, em Minas, seria uma refeição pra umas três pessoas (magras). E, como gordo que sou, gosto. Só não me acostumei ainda com a quantidade de muçarela e com as inúmeras variações de recheios de calabresa que existem. Embora eu seja mineiro, não vivo só de queijo e derivados de carne de porco. (Deu uma saudade de feijão tropeiro ou tutu com lombo neste momento...). Voltando... Ontem mesmo pedi um lanche, pois chegara em casa tarde demais pra fazer algo pra comer. Lendo o cardápio pedi aquilo que menos me causaria estranheza. Qual não foi a minha surpresa ao me deparar com o tamanho do referido. Um mero Cheese-bacon-egg--burger tinha aproximadamente uns 700 gramas. Mas, estava muuuuuuuito bom! #gordices

Em seguida, foi o sotaque dos paulistanos que me chamou muito a atenção. Ouvi-los é algo como se sentir sempre em uma partida entre Corínthians e Palmeiras. Coisas como "mano" são recorrentes no vocabulário rotineiro daqui. Existem muitas outras expressões, mas eu me recuso a aprender. O mais legal é a fonética das palavras. Italianíssimos. Uma das primeiras palavras que me chamaram a atenção foi "picadinho" - ouvi num restaurante. Mas, não é "picadim" como falamos em Minas. E nem "picadinho", ao pé da letra. É "picadiiinho" - coloque a língua nos dentes para conseguir pronunciar tal e qual os paulistanos. Outra observação é como eles falam rápidos e, muitas vezes, são incompreensíveis. Talvez seja o fato deles estarem sempre com pressa e serem práticos demais 


Por falar nisso, como o povo é árido. Quase rude mesmo! Mas, as pessoas são prestativas - dentro da medida da pressa de cada um. Não tive problemas em encontrar lugares por aqui. Há sempre alguém pronto para dar uma informação - quase nunca com um sorriso no rosto. Mas, seria pedir demais, eu sei. Ah, e eu não quero falar em atendimento ao público. Não pretendo mesmo ser antipático, com apenas pouco mais de dois meses aqui. Fica subentendido. ^^

E o clima, gente! Existem as quatro estações... Todas no mesmo dia! E, em alguns dias, cada uma delas ocorre, pelo duas vezes. Há uma lógica por aqui sobre isso: tira-o-casaco-põe-o casacoe-vice-versa-em-looping. Nunca se esqueça de sempre ter um à mão. Ah, o guarda-chuva também pode ser um bom aliado, assim como um cachecolzinho (para os mais friorentos). 

Entender a lógica de São Paulo não é para os fracos, definitivamente. Sejam em questões políticas, de mobilidade, de convivência... Descobrir uma alma boa (tipo mineiro) neste lugar é como garimpar à procura de um diamante negro numa mina tricentenária. Mas, a gente acha. Acredite! E o que eu percebi é que quando alguém trata os demais com uma delicadeza peculiarmente mineira, as reações mudam instantaneamente. Tem algumas pessoas legais que já conheci desde que aportei nestes concretos. Poucas, é verdade. O que me tranquiliza é que já havia um pequeno círculo de amigos que me abraçou.

Bom, acho que estou me alongando muito. Talvez, já esteja vivendo o espírito paulistano dos taxistas, que nunca perdem a oportunidade de puxar uma prosa com o passageiro. Como falam! (rs) Well! Obrigado por não me engolir, SP!



sexta-feira, 15 de novembro de 2013

"Vamos estar tentando resolver o seu problema, senhor!"

Talvez não existam expressões mais irritantes do que àquelas ditas por profissionais (?) que trabalham com atendimento telefônico, os conhecidos e temidos, call centers. O drama de quem precisa desse serviço começa antes mesmo de fazer a ligação. Descobrir o número certo para aquilo que você precisa resolver já é um tormento. Isto feito, a carga dramática só aumenta. Feita a ligação, uma voz eletronicamente modificada, repleta de pausas - e, às vezes, até tentando ser simpática para parecer menos artificial - assombra o cliente já insatisfeito. Primeiro, agradece pela ligação, informa o dispensável e, finalmente, depois de longos dois minutos começa uma lista enumerada de possíveis atendimentos que podem servir o pobre-daquele-que-paga-pelo-serviço e, geralmente, o utiliza precariamente. Depois das nove opções ofertadas, ele descobre que não é naquele cardápio que lhe é ofertada a alternativa que poderia ser salvadora. "Aperte quadrado (#) para mais opções... E lá se vão outras tantas. Finalmente, o já impaciente sofredor, pede, pelo-amor-que-vocês-têm-a-Deus a chance de conversar com alguém de verdade, que o possa entender. Ráááá! Conheçam a nova praga do mundo moderno. Com vocês, o atendente. 

Não o culpo (totalmente). Geralmente, eles ganham mal, trabalham pra caramba, tentam resolver problemas para os quais não são preparados e lidam com gente... Mas, optaram por estar ali. Portanto, têm culpa sim. O início da conversa é sempre bem humorada, respeitosa e, aparentemente, eficaz. Engana-se quem acredita que o seu problema irá se resolver ali. Você relata, explica, detalha, explica de novo, solicita, anota protocolo, data, nome do atendente... E passa informações pessoais, CPF - aquele mesmo que você digitou lá no início do atendimento eletrônico -, número do telefone, nome da mãe, nome do pai, data de nascimento, cor dos olhos, data e hora do primeiro beijo, número do certificado de reservista... Enfim. Uma data é marcada para que "seu problema seja resolvido, senhor!". Cinco (infindáveis) dias úteis - na melhor das hipóteses. É melhor esperar, já que você precisa do serviço - mesmo que pague caro por ele. 


Chega o quarto dia de espera e você pensa: amanhã, meu problema vai ser resolvido e não vou precisar ligar novamente e gastar o meu tempo. "Porque tempo é dinheiro e eu já pago por isso, não é mesmo!?" Se é apenas por um dia, chegar atrasado no escritório pode não ser um problema. O cliente acorda cedo - conforme combinara com o atendente, porque a visita técnica é para a parte da manhã -, prepara um café, sai pra passear (ali por perto mesmo) com seu cão, volta pra casa e espera..., espera..., espera... e, nada. Cansado e irritado resolve ligar para o atendimento, ouve todo aquela lista numérica de funções, digita códigos, datas, para, enfim, depois de dois ou três minutos ouvir o número de protocolo da ligação e, subsequentemente, uma propagandinha chata e insistente prometendo-lhe os melhores serviços do mundo - inclusive aquele que ele tem tido tanto problema ultimamente. Sete minutos depois, enfim, o atendente. Mais uma vez, ele se apresenta jovial, eficaz e concordatista com todo o drama do cliente. "Vamos estar tentando resolver o seu problema, senhor!". O nível de irritação do cliente já permeia a linha tênue que o separa da ironia. E o cliente aguarda, espera, ouve músicas, vê TV, aguarda, inicia a feitura do almoço, espera, aguarda e nos interins ainda ouve o quebrar daquele silêncio, uma voz dizendo assim: "Só mais um minuto, senhor. Desculpe pela demora, senhor." Finalmente, o atendente volta e diz que tiveram um problema técnico no sistema e que terão que reagendar a visita para resolver apenas uma parte do que fora pedido e, posteriormente, o já desanimado cliente terá que marcar outra visita para que tudo volte a ser como era antes. Ou seja, uma bela porcaria que você ainda insiste em pagar. 

Quer um conselho de quem passou os últimos 24 dias tentando transferir os serviços de telefone fixo e internet, além de comprar um pacote de TV por assinatura? Desista! Volte a se acostumar com aquele tempo em que você não se submetia às novas tecnologias. Ah, não consegue!? Nem eu! Mas, aviso: se optar por uma outra operadora irá, incondicionalmente, ouvir muitas vezes a expressão "vamos estar tentando resolver o seu problema, senhor." 

Obrigado GVT, pela inspiração. 

sábado, 11 de maio de 2013

Embora não pareça, eu tenho uma mãe

E não é uma mãe qualquer! Não é a melhor mãe. Mas, com certeza, é a mais especial de todas. Falo isso sem titubear. Aquela senhorinha, hoje, prestes a completar seus 70 anos, fez de mim um homem. E, para chegar até aqui, ela passou por poucas e boas. Em resumo, foi mais ou menos assim. Ela nasceu no interior de Minas, lá pelos anos de 1940. Casou-se ainda nova. Aos 21 anos teve o primeiro filho e só pode segurá-lo por algumas horas. Mas, um ano depois, veio a "filha mais velha". Mais dois anos e lá veio outro. Um ano após, mais uma. Menos de um ano, em sequência, mais um. E, por fim, cinco anos depois, eu. Para dar conta dessa prole toda, ela ralou muito. Costureira de mão cheia, ficava horas numa máquina para nos dar o de comer e educação. Por mais que parecesse que não sobraria tempo, éramos sim muito bem educados. Passou por um divórcio sofrido, ouviu críticas de uma vizinhança severa em tempos muitos difíceis... Mas, não se entregou. Há cerca de 18 anos, ganhou a primeira neta. Coincidentemente e por circunstâncias diferentes, nunca conseguiu tê-la no colo. Três anos depois, a segunda neta... depois o terceiro e, por fim, o quarto. Acho que meus irmãos pararam por aí. Ela, essa mulher maiúscula e simples, formou 4 dos 5 filhos: uma enfermeira, uma professora, um administrador de empresas e um jornalista. Cercou a vida dela com fé em Deus. E nos ensinou isso. Me lembro de uma frase dela: "você sabe a diferença entre o certo e o errado, então, escolha!". Para cada filho, ela tem um amor sublime, um respeito incondicional, uma palavra certeira, um carinho especial, um olhar de segurança. Pra mim, ela é a mulher que não é uma mãe qualquer e que também não é a melhor... Mas, a mais especial. E isso a faz mais sublime - que é muito melhor do que ser a melhor. Ela é a mulher que me deu a vida, me deu caráter, me deu sensibilidade e que, acima de todas as coisas, me entendeu aos 26 anos de idade. 

Hoje eu estou aqui, distante dela, mas bem pertinho do coração dessa mulher que eu tenho a maior honra de chamar de minha mãe. 

Esse post é pra você, D. Lenir.

Te amo por toda a minha vida. Obrigado por tudo!!!